Encontro Nacional de Mulheres da MPB 2012 - Obra de Deca Ligabues (Foto: Juliana Charnaud) |
Símbolo máximo de superação, transformação e pureza, a Flor de Lótus é no oriente um exemplo de como devemos atravessar a vida: atentos a impermanência e a interdependência de todas as coisas.
A semente do lótus se aloja no lodo, na lama do fundo dos lagos. E é em meio à lama que ela se desenvolve. Ao brotar, o botão da flor, ainda fechado, com suas pétalas impermeáveis, busca a luz do sol, obrigando seu caule a crescer o quanto for necessário para que ela chegue até a superfície e abra suas pétalas para expor à luz seu interior, até então, imaculado e protegido.
A lótus mantém-se aberta durante certos períodos do dia para adquirir apenas aquilo o que é-lhe necessário. Depois disto, suas pétalas se fecham para proteger seu núcleo, onde as sementes são geradas. É bem comum ver as flores de lótus se abrirem no fim da tarde, quando a luz do sol é amena. E isso se repete ciclicamente, durante dias, até que as novas sementes estejam prontas para o próximo ciclo de transformação da flor de lótus: ela se abre pela última vez e não mais se fecha. Suas pétalas não precisam mais proteger o núcleo da flor, onde crescem as sementes, e caem, deixando apenas o caule e o núcleo – antes, protegido pelas pétalas impermeáveis. Em seguida, as sementes são lançadas à água e afundam até se depositarem na lama e repetirem toda a história.
Na cultura oriental, encontramos diversas figuras como divindades e sábios retratados sentados no centro do lótus aberto ou portadores da flor. Isso significa que, não importa o meio que o ser nasce e cresce, todos têm a possibilidade chegar à luz do conhecimento se souber como interagir com o ambiente em que está inserido, mesmo que seja inóspito; estar no mundo sem se deixar macular pelos venenos da existência (ignorância, ganância e ira).
A beleza estética do lótus é fruto da beleza poética de seu ciclo de vida e morte, em busca da luz para poder produzir as sementes que deixará para o mundo.
Assim como o lótus, o Feminino tem essas mesmas representações da criação, da geração de uma graça transcendental. Mais que isso, o feminino é a afirmação da vida. É através do feminino que se entra na vida.
Juntar e associar a Flor de Lótus ao primeiro Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira é resgatar este princípio criativo e transcendental do Feminino. Um resgate e um estímulo das potencialidades primitivas do ser em harmonia com a natureza. Uma oportunidade para mostrar através da música, essa relação de Gaia (Feminino e Natureza): corpo vivo do qual dependemos para viver.
A Organização do Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira agradece a artista plástica porto-alegrense DECA LIGABUES, que produziu esse Lótus Amarelo e Musical, símbolo deste encontro de criação e manutenção da arte feminina.
Deca produziu e doou esta peça especialmente para o evento.
Agradecemos à Deca por sua arte e pelo presente que foi ofertado ao evento.
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